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terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Você sabe se está absorvendo calcio corretamente?
O cálcio (Ca) dietético é fundamental para a saúde óssea. Tanto o teor como a biodisponibilidade do elemento nos alimentos devem ser considerados.
Este é absorvido principalmente no jejuno e o pH baixo parece favorecer sua absorção, que é maior no crescimento, na gestação/lactação e na carência de Ca ou fósforo (P), e menor no envelhecimento. As maiores fontes, e com melhor absorção, são os laticínios bovinos. Outros alimentos apresentam concentrações elevadas de Ca, mas com biodisponibilidade variável: os ricos em ácidos oxálico e fítico apresentariam uma menor absorção, enquanto que os ricos em carboidratos teriam uma absorção maior. Por apresentarem uma biodisponibilidade do Ca mais próxima da do leite bovino, o leite de outros animais, o de soja enriquecido e alguns vegetais, em quantidades adequadas, poderiam ser usados como alternativas a este.
O CRESCIMENTO E A MANUTENÇÃO do tecido ósseo dependem de uma grande variedade de fatores genéticos e ambientais. A hereditariedade contribui com cerca de 60 a 70% da expressão fenotípica da densidade mineral óssea (DMO), um dos mais importantes marcadores da saúde do osso. Por outro lado, fatores ambientais tais como dieta e estilo de vida contribuem com 30 a 40% da DMO. A possibilidade de alteração destes fatores ambientais, com conseqüente melhora do tecido ósseo, torna importante a caracterização do efeito dos mesmos sobre o esqueleto. Um dos fatores ambientais de maior relevância para a saúde óssea é o teor dietético de cálcio (Ca).
Por outro lado, ao discutir-se o papel do Ca dietético sobre o osso, não se pode ignorar a relevância de fatores que influenciam na sua absorção e utilização. Desta forma, a influência de outros fatores da dieta, como a presença de "moduladores" da absorção e/ou utilização do elemento Ca merecem atenção. Da mesma forma, aspectos próprios de cada indivíduo podem influir sobre a biodisponibilidade do elemento e, conseqüentemente, sobre o metabolismo ósseo.
Considerando-se o papel do teor e absorção do Ca dietético na manutenção da saúde geral dos indivíduos, bem como na prevenção e tratamento de doenças tais como a osteoporose, o objetivo do presente artigo é sumarizar os principais fatores relacionados ao aproveitamento do Ca presente na dieta, destacando os alimentos com melhor biodisponibilidade do elemento.
Absorção de cálcio durante a vida
A absorção e os requerimentos de Ca variam conforme a faixa etária e as condições clínicas dos indivíduos (tabela 1) (10). Em geral, quanto maior a necessidade e menor o fornecimento dietético, mais eficiente será a absorção. O aumento das necessidades do elemento encontrado em situações como crescimento, gravidez, lactação, deficiência de cálcio, e na atividade física que resulta em alta densidade óssea, intensifica a absorção de Ca.
Infância
Na infância, o Ca é necessário para a mineralização e crescimento ósseo adequados. A quantidade real de Ca necessária depende, além da idade da criança, das taxas individuais de absorção e de outros fatores dietéticos. Também a retenção de Ca é variável nos indivíduos. Nas crianças entre 2 e 8 anos de idade, por exemplo, totaliza aproximadamente 100 mg/dia.
Gravidez e lactação
Na gestação ocorrem mudanças no metabolismo de Ca que favorecem a transferência deste elemento para o feto, incluindo alterações nos hormônios reguladores do elemento. A taxa de absorção intestinal é aumentada, principalmente a partir do 2º trimestre, de 27% (em mulheres não gestantes) para 54% no 5º ou 6º mês de gestação, sendo de 42% ao termo (40ª semana gestacional). Também estão aumentados a reabsorção renal e o turnover do Ca ósseo, favorecendo o atendimento dos requerimentos de Ca e a mineralização óssea fetais. Na gestação, também é observado um aumento de Ca urinário, provavelmente devido ao aumento da taxa de filtração glomerular .
Menopausa/envelhecimento
A absorção de Ca, particularmente a absorção ativa, declina com o passar da idade (6,16). Este declínio pode ser causado por deficiência dietética e diminuição endógena na produção de vitamina D. Esta diminuição da produção é devida, em parte, à menor exposição solar nos grupos etários mais avançados. Além disso, com o processo de envelhecimento, ocorrem piora da função renal e diminuição da produção de vitamina D, com conseqüente hiperparatireoidismo secundário .
Influência de fatores dietéticos
A eficiência da absorção de Ca é afetada pela presença intraluminal de outros componentes dietéticos. Cerca de 30% do Ca dietético está biodisponível nos alimentos. Esta biodisponibilidade refere-se à digestibilidade e absorção do elemento. A digestibilidade pode ser comparada com solubilidade ou mais precisamente solubilização. Digestibilidade e solubilidade para todos os nutrientes têm sido discutidas. Aminoácidos e pequenos peptídeos presentes na dieta não costumam alterá-las. Por outro lado, muitas gorduras, carboidratos complexos e alguns minerais podem influenciar tanto na digestibilidade como na biodisponibilidade do Ca. Já alguns produtos industrializados e enriquecidos, como, por exemplo, a farinha de trigo, apesar de poderem conter Ca, apresentam uma pior biodisponibilidade quando comparados ao leite.
Vitamina D
Como referido anteriormente, a ação da vitamina D é necessária para que ocorra uma adequada absorção intestinal de Ca. Como este nutriente também está disponível a partir da ação da luz solar nos tecidos subcutâneos, a quantidade necessária a partir de fontes dietéticas depende de fatores não dietéticos, tais como fatores
Fibras
Nos últimos anos, vem sendo aumentada a indicação de alimentos ricos em fibras na dieta. Embora isso seja interessante do ponto de vista das dislipidemias, constipação e diabetes mellitus, pode prejudicar a absorção de diversos minerais, entre os quais o Ca.
Álcool
Vários estudos já foram realizados para confirmar se a alta ingestão de álcool causaria uma interferência na biodisponibilidade do Ca. Esses estudos concluíram que não há influência direta da ingestão de álcool sobre a absorção de Ca. Contudo, o álcool, quando ingerido em grandes quantidades, exerceria outras ações deletérias sobre o organismo com relação ao metabolismo do Ca e ao esqueleto.
Cafeína
Existem muitas controvérsias sobre a influência da cafeína na biodisponibilidade do Ca e no aumento da perda mineral óssea. Rapuri e cols. verificaram, em estudo rea lizado em mulheres menopausadas, que uma ingestão maior que 300 mg de cafeína por dia causaria uma perda de Ca a nível ósseo.
A maioria dos estudos não é conclusiva sobre a influência da cafeína na biodisponibilidade do Ca dietético, mas sugere que a mesma exerceria um efeito semelhante ao álcool, causando uma maior estimulação da excreção do Ca a nível renal e uma maior desmineralização óssea.
Concluindo...
Considerando-se o papel que o Ca representa para a manutenção da saúde óssea e a importância da obtenção desta de forma menos invasiva e intervencionista possível, a relevância da dieta no fornecimento dos requerimentos diários do elemento deve ser ressaltada. Assim, este artigo objetivou sumarizar os principais fatores relacionados ao aproveitamento do Ca presente nos alimentos, destacando aqueles com melhor biodisponibilidade do mineral.
O teor e a biodisponibilidade do Ca variam muito nos diversos alimentos, sendo que um grande número de fatores influencia no aproveitamento do elemento presente nas refeições. O leite de vaca e derivados se constituem nas fontes mais ricas e com maior percentual de absorção do mineral. Porém, alguns outros alimentos, quando ingeridos em quantidades adequadas, podem contribuir consideravelmente para o seu fornecimento, de forma aproveitável, aos indivíduos. Assim, o leite de outros animais (como cabras e ovelhas, por exemplo) e os queijos e iogurtes feitos a partir deste leite, poderiam ser usados em porções equivalentes às dos laticínios de origem bovina, como substitutos. Já o leite de soja enriquecido com Ca se constituiria em uma alternativa interessante, desde que fossem adequados os volumes das porções à biodisponibilidade do elemento. Outros alimentos como o feijão branco, o brócolis, a couve e os peixes pequenos inteiros, poderiam ser utilizados em associação com produtos de maior teor / biodisponibilidade para atingir-se as metas dietéticas adequadas de Ca nos indivíduos que não querem ou não podem ingerir o leite de vaca.
Estas informações são para fins de curiosidade, para maiores esclarecimentos e tratamento dietetico, procure um nutricionista. (fisionutpaula@bol.com.br)
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